Esse Refrigerante Não É Para Beber
Agora que você já aprendeu como funciona o ciclo de refrigeração, vamos conhecer os refrigerantes. Não são os refrigerantes que você costuma beber, mas as substâncias usadas nos equipamentos de refrigeração.
O primeiro refrigerante a ser usado foi o éter etílico, na máquina frigorífica inventada pelo inglês Jacob Perkins, em 1834. Mas, em 1873, Carl Linde percebeu que a amônia era uma substância ótima para uso em refrigeração (além de ser barata), tanto que ela ainda é utilizada até hoje para refrigeração industrial.
Desde então, muitas outras substâncias foram usadas como refrigerantes, mas a maioria delas é tóxica (como a amônia) ou inflamável (como o éter etílico). E isso limitava muito o desenvolvimento da indústria da refrigeração. Ninguém gostaria de ter em casa uma geladeira com uma substância perigosa circulando dentro dela.
A revolução ocorreu em 1930, quando foram desenvolvidos os CFCs por Midgely e Henne. CFC é a sigla para clorofluorcarbonos, substâncias orgânicas que tem átomos de cloro e flúor em suas moléculas. Os CFCs são perfeitos como refrigerantes e, o mais importante, não são tóxicos nem inflamáveis. Esses são os CFCs mais conhecidos:
- R-12 (Diclorofluormetano): foi o primeiro CFC a ser produzido em escala industrial, começando em 1931, e foi o mais usado desde então. É ideal para equipamentos de refrigeração com temperaturas entre -5 e -30 °C, como geladeiras e freezers.
- R-22 (Monoclorodifluormetano): tem um desempenho melhor do que o R-12, é muito usado em condicionadores de ar domésticos e industriais e também em armazéns frigoríficos.
- R-502 (mistura de R-22 com R-115, o Monocloropentafluoretano): é um CFC mais caro, mas permite refrigeração a temperaturas de até -40 °C. É usado em armazéns, balcões, vitrines e caminhões frigoríficos.
Existem ainda muitos outros CFCs, como o R-11, R-113, R-114, R-13, R-14, R-500, R-503... Cada um com uma aplicação especial. E muitos são usados para outras aplicações, como nos aerossóis.
Tudo foi muito bem até descobrirem que os CFCs destroem a camada de ozônio. Essa camada gasosa contém o gás ozônio O3, que protege nosso planeta contra a radiação ultravioleta, que vem do sol. E os CFCs que escapam para a atmosfera destroem o ozônio. Não é à toa que se formou um baita buraco na camada de ozônio sobre a Antártica.
Por isso, o uso dos CFCs foi diminuindo, até que deixou de ser usado em 2010. Outras substâncias que não agridem o meio ambiente foram desenvolvidas, como os HFCs, hidrofluorcarbonos, que não têm átomos de cloro (são eles que destroem o ozônio!).
Se a sua geladeira é antiga, é bem provável que dentro daqueles tubinhos esteja o R-12 circulando. Mas não se esqueça de que para o R-12 trabalhar na sua geladeira se gasta muita eletricidade. Então, mantenha a porta da geladeira sempre fechada! Quando você abre a porta, o ar frio escapa rápido e o R-12 terá o maior trabalho para resfriar tudo de novo.
Jorge Andrey W. Gut, Eng. Química da USP